Já que dia 2 junho é o Dia Mundial da Conscientização dos Transtornos Alimentares (TA) decidi falar sobre esse tema que leva sofrimento a muitas pessoas. TA é uma doença grave relacionada à atitudes alimentares inadequadas e jeitos de controlar seu peso que não são saudáveis.
Em tempos de rede social, cultura da magreza e modismo de dieta, muitas pessoas ficam mais vulneráveis a desenvolver problemas de saúde mental, como depressão e ansiedade, que são comorbidades elementares para o desenvolvimento de TA.
Quais são os Fatores de risco?
Podem afetar qualquer pessoa. Alguns fatores de risco estão questões genéticas, histórico familiar, perfeccionismo, baixa autoestima e família altamente apegada a estereótipos de beleza, situações traumáticas, entretanto, o gatilho mais comum são as dietas restritivas.
“Nem toda dieta resulta em transtorno alimentar, mas quase todo transtorno alimentar começa com uma dieta.”
(Polivy & Herman 1985, ADA 2006, Hilbert et al. 2014)
Quais são os tipos de Transtornos Alimentares?
Atualmente existem 8 tipos de TA classificados no manual de diagnóstico médico:
1. Anorexia Nervosa: restrição da ingestão calórica mediante o medo de engordar e perturbação na forma como o paciente enxerga o próprio corpo, tem início geralmente na adolescência. É o TA com a maior taxa de mortalidade e alto risco de suicídio.
2. Bulimia Nervosa: apresenta episódios recorrentes de compulsão alimentar seguidos de práticas compensatórias para evitar o ganho de peso, é mais comum em mulheres e apresenta altas taxas de suicídio.
3. Transtorno de Compulsão Alimentar: É o mais comum dos transtornos alimentares, caracteriza-se por episódios recorrentes de compulsão alimentar, ou seja, come demais mesmo sem fome e depois sente-se culpado.
4. Pica: consiste na ingestão de substâncias não alimentares, como terra ou cabelo, por exemplo. Pode causar problemas e/ou perfurações intestinais, infecções, intoxicação e deficiência nutricional.
5. Transtorno de Ruminação: quadro de regurgitação repetida do alimento. O alimento pode ser remastigado, ingerido novamente ou cuspida. Consequência mais comum é a restrição alimentar feita pelo paciente para não regurgitar.
6. Transtorno Alimentar Restritivo/Evitativo: falta de interesse em alimentar-se devido à textura e/ou gosto do alimento, por exemplo. Pode ser quadro característico da primeira infância, como extrema seletividade alimentar e/ou fobia de comer. É comum a desnutrição e perda de peso.
7. Transtorno de Purgação: caracterizado pelo uso da indução de vômito, uso de laxantes ou medicamentos para perda de peso sem que haja compulsão alimentar.
8. Síndrome do Comer Noturno: consiste em episódios recorrentes de ingestão alimentar durante a noite. Geralmente, come-se mais no período noturno do que durante o dia, e sofre com problemas para dormir.
O que fazer se desconfio que tenho?
A melhor maneira é procurar ajuda de pessoas especialistas nessa área, médicos psiquiatras, nutricionistas comportamentais e/ou psicólogos. Quanto mais cedo buscar ajuda melhor para o tratamento, porém muitas delas levam anos por sentirem vergonha.
Diagnóstico e Tratamento
Quem faz o diagnóstico é o médico psiquiatra que também recomenda o tipo de tratamento, podendo ou não incluir medicação. O tratamento envolve equipe multidisciplinar com profissionais médico, nutricionista, psicólogo e educador físico.
O Ambulim, no Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clinicas, é o ambulatório de referência no tratamento de transtornos alimentares em São Paulo.
Menos de 5% da população tem Transtorno Alimentar, mas muitos tem um comer transtornado, e estes também devem buscar ajuda.
Confira 9 verdades sobre o tema:
1. Muitas pessoas com transtornos alimentares parecem saudáveis, ainda que estejam extremamente doentes.
2. Famílias não são as culpadas e podem ser as melhores aliadas no tratamento.
3. Transtornos alimentares causam perturbações nas relações pessoais e familiares
4. Ter um transtorno alimentar não é uma escolha, é uma doença mental com influencia biológica.
5. TA afetam pessoas independente de idade, gênero, etnia, peso corporal, orientação sexual, ou nível sócio econômico
6. Ter um transtorno alimentar aumenta as chances de suicídio e complicações médicas.
7. Genes e ambiente influenciam o desenvolvimento dos transtornos alimentares.
8. A genética, por si só, não determina quem vai desenvolver um transtorno alimentar.
9. A recuperação total é possível. O tratamento precoce e a prevenção são muito importantes.
Não tenha vergonha. Busque ajuda!
Sugestão de livro: Fazendo as Pazes com a comida da Daiana Garbin, e também alguns perfis no IG confiáveis que podem te ajudar a buscar tratamento.
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